6 de junho de 2016
Clube Europeu relançou debate sobre a
Interculturalidade
«Entre culturas: a Multiculturalidade
e a Interculturalidade» foi o tema selecionado pelo convidado, Ricardo Vieira,
e pelo Clube Europeu da Escola Secundária de Porto de Mós, para encerrar o
ciclo de atividades efetuadas ao longo do ano letivo 2015-2016.
O objetivo principal deste encontro
foi o de clarificar alguns conceitos e questões fundamentais sobre o tema da
Interculturalidade e de refletir sobre a pertinência das atividades realizadas.
A sessão decorreu no dia seis de
junho, orientada pelo prestigiado especialista, Ricardo Manuel das Neves
Vieira, professor coordenador principal da Escola Superior de Educação e Ciências
Sociais do Instituto Politécnico de Leiria, investigador do Centro Interdisciplinar
de Ciências Sociais da Universidade Nova de Lisboa (CICS.NOVA.IPLeiria), Doutor
em Antropologia Social, autor de vários livros e artigos publicados em revistas
nacionais e estrangeiras e distinguido, em 2000, com o Prémio Rui Grácio, pela
melhor investigação portuguesa no domínio das Ciências da Educação.
Ricardo Vieira começou por refletir
sobre os conceitos de cidadania europeia e de identidade cultural de cada país,
relembrando que a União Europeia deve salvaguardar a tradição e a herança
cultural dos seus estados membros.
Deste modo, dada a pluralidade e a
especificidade das diferentes culturas e países, salientou a importância da
convivência e da amizade como elementos construtores do diálogo intercultural.
Igualmente, destacou o papel da educação/escola, neste processo, sublinhando
que é o local por excelência onde se cultivam os valores do respeito, da
(com)vivência e do diálogo e onde se aprende a saber ouvir e compreender o
Outro.
Também considerou que a
interculturalidade, como capacidade das pessoas se relacionarem e de
comunicarem entre si com respeito e de forma recíproca, deve contribuir para
uma convivência saudável de « rir com o Outro e não sobre o Outro» e que a leitura da obra O
Principezinho de Antoine de
Saint-Exupéry permite compreender mais facilmente este conceito.
De seguida, aludiu à forma como as
pessoas tomam consciência e se relacionam com o Outro, ou seja, a diferença.
Estabeleceu a distinção entre os conceitos de exclusão, integração, segregação
e inclusão, apresentando um esquema esclarecedor e concluindo que a inclusão é
o único destes elementos que a União Europeia deve privilegiar na sua relação
com os refugiados, seguindo as indicações da Declaração de Salamanca, da
Declaração dos Direitos do Homem, que no Artigo 14 faz referência ao Direito de
Asilo, e o lema orientador da União Europeia «Unidos na diversidade». Desta
forma, defendeu que a Europa da Inclusão tem que acolher os refugiados com
dignidade e tentar compreender o Outro.
Tendo por base a citação de
Laplantine e Nouss(Interculturalidade/mestiçagem) « A mestiçagem é, nestas
condições, certamente mais auditiva do que visual, mais musical do que
pictórica. Enquanto num quadro, posso distinguir as suas diferentes partes
justapostas no espaço, no caso da sinfonia tudo me é dado ao mesmo tempo,
embora esse todo não pare de se transformar.» Finalizou, apresentando um
exemplo máximo de Interculturalidade, a versão da música «Beijo de Saudade»
interpretada pela fadista portuguesa Mariza e do cantor de mornas cabo-verdiano
Tito Paris.
O Clube Europeu com esta iniciativa
considerou que, graças à forma descontraída e direta do convidado que teve
sempre a preocupação de adequar o seu discurso e de manter um animado diálogo
com o seu jovem público, foi possível abordar uma temática tão complexa e
transformar esta ocasião num estimulante e criativo debate.
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